Há uma lógica fundamental para a vida?

Nascer, crescer, reproduzir e morrer, seria a resposta simples para o questionamento da lógica da vida se o que buscamos é uma resposta esquemática de como as coisas acontecem. Contudo, para termos uma resposta clara, primeiro devemos saber qual propósito pergunta. 

Afinal, se você questionar um filósofo, um químico, biólogo, físico ou sua vizinha, cada um terá uma resposta baseada na sua forma de ver e pensar sobre o mundo. O filósofo poderá lhe responder que a vida é uma arte, um modo de existir, sorrir e sofrer.

O químico e o biólogo poderão responder que a vida é um fenômeno desencadeado por reações químicas que produzem energia em sistemas de aglomerados celulares capazes de crescer, reproduzir, reparar e adaptar-se ao ambiente de diversos modos, gerando variabilidade, mesmo de modo limitado. 

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Sua vizinha pode te apresentar uma sorte de eufemismos sobre a vida e o viver com propósito. Mas se sua vizinhança for composta por acadêmicos, as respostas acima podem ser igualmente obtidas. 

Mas hoje nossa intenção é discutir se alguma forma de vida extraterrestre poderia existir nos mesmos moldes vistos na Terra. Será que uma vida plutoniana seguiria a mesma lógica e padrão da vida que experienciamos aqui? A receita até poderia ser a mesma, mas outros ingredientes com certeza poderiam ser substituídos. 

As regras da vida

Fique tranquilo, não vamos discutir vida extraterrestre com foco em entidades folclóricas, mas sim em sistemas vivos e células singulares em uma perspectiva limitada ao que temos hoje como “receita vivificante”.

Quando pensamos em vida em um conceito biológico, nos referimos às unidades fundamentais capazes de realizar metabolismo, que podem se aglomerar e formar sistemas funcionais capazes de se multiplicar e reparar de maneira autônoma. 

Esse, é claro, um exemplo muito simplificado diante da complexidade com que os processos de vida ocorrem. Contudo, ele parece ser um padrão repetitivo em todos os organismos vivos, ainda que ocorra de maneira diferenciada, dependente de cada sistema. 

Astrobiólogos e toda comunidade científica têm buscado traços de vida em exoplanetas, satélites naturais ou qualquer pedacinho de cosmo que conseguimos perscrutar em busca dos sinais. 

Em Terra, emulados formas sintéticas de vida para tentar compreender como unidades biológicas poderiam se formar e se comportar em mundos hostis com excesso de radiações e sem água. Mas ainda que nossa atenção esteja no rumo certo, ela ainda é muito limitada. 

A lógica da vida que surge na Terra não necessariamente poderá seguir os mesmos moldes em outros planetas. O DNA, por exemplo, receita fundamental de todo ser vivo já conhecido, pode apresentar outros tipos de estruturas e combinações, que mesmo em nossos dias mais criativos, podemos estar longe de acertar a formulação. 

Em padrões terrestres, a vida também está entrelaçada com a existência de certos parasitas, como o mutualismo que ocorre entre as bactérias que vivem em você e um bom estado funcional e de saúde. 

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Acredita-se inclusive que o desenvolvimento dos primeiros seres vivos, bactérias e outros seres unicelulares, já estivesse relacionado com vírus ou outros tipos de entes parasitários. Se há vida, há parasitas. Essa é uma das respostas que você poderia receber da sua vizinha.

Esse tipo de nuance pode servir como material de busca em outros mundos, traços de entes parasitários podem indicar a existência, em algum tempo, de vida nesses corpos celestes. Por isso é importante compreender a lógica da vida, quiçá ela pode responder a algum algoritmo que descreva o curso dos acontecimentos. 

Ainda que fosse possível descrever essa sequência lógica da origem da vida, os componentes deveriam ser maleáveis o suficiente para admitir outras formas de conjunção de elementos para o desenvolvimento dos sistemas biológicos. Talvez em algum lugar, a vida não seja baseada em Carbono, mas sim em Iodo ou mesmo Silício. Ainda não temos como saber. 

Todas essas variáveis tornam o estudo muito mais complexo e limitado, porém, em igual medida, intrigante. Se mesmo em nosso quintal a origem da vida se mantém um mistério, imagine tentar estimar algo que está anos-luz de distância. 

Dá para descomplicar a vida?

Acredito que nem o campo mais respeitado da ‘filosofia de bar’ seja capaz de descomplexificar a vida e tudo o que ela significa.  Vários ramos da ciência, filosofia e outras formas de conhecimento se debruçam em tentar compreender como ela surgiu, e ainda assim, arranhamos superficialmente o conteúdo. 

É simples explicar como o DNA se organiza, como as células se reproduzem e morrem, ou ainda como algumas doenças surgem e podem ser tratadas. Contudo, ainda que conheçamos os princípios básicos, apenas conseguimos especular e observar quando as coisas saem um pouco do controle.    

Nossa busca por vida fora do planeta Terra continua fadada a responder à lógica que conhecemos que é limitada mesmo nas melhores simulações computacionais. E observe que estamos falando apenas da configuração arquitetônica da vida, e não a existência de seres sencientes e capazes de produzir cognição. 

Se a vida tem de fato uma lógica reproduzível em outros mundos, ainda há um longo caminho a ser percorrido nas próximas décadas até que teorias possam ser testadas e tenham a chance de se mostrarem verdadeiras. 

E para você, qual a lógica da vida sob sua perspectiva? Nos conte em nossas redes sociais, e se quiser um pouco mais de conteúdo para embasar sua própria teoria, saiba mais sobre outras teorias sobre a origem da vida. Até mais!