Cepa do coronavírus de Manaus pode se tornar dominante no Brasil

Por André Luiz Dias Gonçalves

29/01/2021 - 15:301 min de leitura

Cepa do coronavírus de Manaus pode se tornar dominante no Brasil

Fonte:  Rawpixel 

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A nova cepa do coronavírus identificada em pacientes infectados da cidade de Manaus (Amazonas) deve se tornar a variante dominante no Brasil em breve. Quem afirma é o infectologista da Fiocruz Amazônia Marcus Lacerda, em entrevista ao O Globo nesta sexta-feira (29).

Denominada P.1, ela foi encontrada em 91% das amostras de vírus sequenciadas ao longo de janeiro no estado e é apontada pelos cientistas que monitoram a pandemia na região como a responsável por acabar com a imunidade coletiva que havia na capital, resultando em uma nova explosão de casos de covid-19 neste início de 2021.

Segundo Lacerda, provavelmente a variante P.1 do Sars-CoV-2 já está presente em outras regiões do Brasil — três casos foram identificados em São Paulo na última quarta-feira (29). É “questão de tempo” para que ela prevaleça sobre as outras linhagens conhecidas do vírus, algo como “um mês”, prevê o especialista.

Os primeiros casos de pacientes infectados pela variante foram descobertos no início de janeiro.Os primeiros casos de pacientes infectados pela variante foram descobertos no início de janeiro.

Identificada recentemente por pesquisadores japoneses ao analisar amostras de viajantes que estiveram no Norte do Brasil, a nova cepa apresenta mutações na região da proteína spike e há indícios de que ela tenha uma maior capacidade de transmissão. Apesar disso, os cuidados para evitar o contágio são os mesmos já conhecidos por todos.

Possibilidade de “megaepidemia”

Em entrevista ao programa Manhattan Connection da TV Cultura, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que a variante do coronavírus surgida em Manaus pode gerar uma megaepidemia no Brasil em até 60 dias.

Para ele, a falta de ações para evitar a disseminação da P.1, combinada à transferência de pacientes para outros estados sem qualquer tipo de bloqueio de biossegurança, espalhará a cepa por todo o país.

Mesmo concordando com a gravidade da situação, Lacerda faz uma ressalva. Segundo o especialista, quem está espalhando os vírus são os viajantes que não cumprem o isolamento nem tomam medidas de controle.


Por André Luiz Dias Gonçalves

Especialista em Redator

Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.


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