O futuro climático do planeta Terra: quais as projeções para os próximos anos?

Por JORGE MARIN

04/10/2024 - 09:003 min de leitura

O futuro climático do planeta Terra: quais as projeções para os próximos anos?

Fonte:  Climate Action Tracker, dezembro 2023. 

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O clima da Terra está mudando a uma velocidade nunca vista antes. Sentimos isso na pele e observamos seus efeitos: a degradação dos oceanos, as queimadas, as secas e inundações, enquanto nossos ecossistemas se deterioram rapidamente.  

Por trás de tudo isso, há uma certeza: as atividades humanas estão impulsionando esse cenário sombrio, principalmente ao liberar bilhões de toneladas de gases que retêm calor, na atmosfera da Terra.  

A má notícia é que as mudanças climáticas continuarão nos próximos anos, pois os gases de efeito estufa que já foram liberados na atmosfera continuarão lá por décadas ou até séculos. O que mais assusta, no entanto, é que a implementação de políticas e tecnologias de mitigação levariam tempo, isso se um dia forem seriamente adotadas.

Confira abaixo as principais projeções climáticas para as próximas décadas, com base em dados científicos e modelos climáticos. 

Elevação das temperaturas globais

Mudanças projetadas nas temperaturas médias globais sob quatro vias de emissões.Mudanças projetadas nas temperaturas médias globais sob quatro vias de emissões.

Ao contrário das mudanças de tempo, que nos fazem (ou não) sair de casa com guarda-chuvas e agasalhos, as mudanças climáticas se referem a transformações significativas e duradouras nas temperaturas médias e nas condições climáticas da Terra. Na última década, por exemplo, o mundo esteve, em média, cerca de 1,2 °C mais quente do que no final do século 20.

Em fevereiro deste ano, o serviço climático da UE confirmou que o aquecimento global excedeu 1,5 °C no período de 12 meses entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024. É a primeira vez que isso ocorre no período de apenas um ano, e não por acaso foi apurado depois que 2023 foi declarado o ano mais quente já registrado. 

Entre as projeções feitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), uma das mais plausíveis é que as temperaturas médias globais vão continuar aumentando. Segundo a organização internacional, até o final do século 21, a temperatura média global poderá aumentar entre 1,5 °C e 4 °C em relação aos níveis pré-industriais, dependendo das emissões de gases de efeito estufa

Elevação do aquecimento global a 2% poderá expor milhões de pessoas aos riscos climáticos.Elevação do aquecimento global a 2% poderá expor milhões de pessoas aos riscos climáticos.

Mesmo dentro do cenário mais otimista de 1,5 °C de aquecimento (objetivo proposto por países no Acordo de Paris, de 2015), alguns impactos importantes podem ocorrer nos ecossistemas e nas sociedades humanas.  Um icônico relatório da ONU em 2018 aponta as principais consequências de uma possível elevação do aquecimento global, de 1,5 °C para 2 °C:

  • dias extremamente quentes: em média 4 °C mais quentes nas regiões fora dos polos e trópicos
  • elevação do nível do mar em 0,1 m, expondo até 10 milhões de pessoas a eventos, como inundações frequentes
  • perda de 99% dos recifes de coral 
  • duplicação do número de plantas e vertebrados expostos a condições climáticas inadequadas em mais da metade dos seus habitats
  • exposição de centenas de milhões de pessoas a riscos relacionados ao clima e suscetíveis à pobreza até 2050.

Aumentar a temperatura acima do teto de 1,5 °C implicaria, conforme os cientistas, em ultrapassar os chamados "pontos de ruptura", a partir dos quais as mudanças climáticas poderiam desandar e se tornar irreversíveis. Uma das consequências, o colapso da camada de gelo na Groenlândia, traria um aumento catastrófico dos níveis do mar por séculos.

Aumento dos gases de efeito estufa

Linhas largas mostram o alcance possível, conforme a estratégia adotadaLinhas largas mostram o alcance possível, conforme a estratégia adotada

Desde o início dos anos 2000, cientistas vêm estudando e quantificando a relação entre as emissões cumulativas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e o aumento da temperatura global. Nesse sentido, foi crucial a participação do IPCC em formalizar e popularizar esse nexo causal, consolidando o conceito de orçamento do carbono global como uma das principais ferramentas para compreender e gerenciar o clima global.

Após o Acordo de Paris ter estabelecido, em 2015, o objetivo de limitar o aumento da temperatura global em 1,5% acima dos níveis pré-industriais, o IPCC publicou, em 2018, um relatório especial chamado "Aquecimento Global de 1,5 °C". 

No documento, foi refinado o conceito de carbono restante (RCB na sigla em inglês), como a quantidade líquida de CO2 que os humanos ainda podem emitir sem para ter uma chance de limitar o aquecimento global ao nível proposto na COP21. 

A atualização mais recente do RCB, um estudo publicado em outubro de 2023 na revista Nature Climate Change, estima que, para termos uma chance de 50% em limitar o aquecimento a 1,5 °C, restam menos de 250 gigatoneladas de CO2 no RCB. Isso significa que, mantendo-se os níveis das emissões de 2022, o carbono estará esgotado por volta de 2029.

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Por JORGE MARIN

Especialista em Redator


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