Que fim levou o Skype, a primeira 'estrela' dentre os apps de videoconferência?
14/12/2024 - 09:00•4 min de leitura
Fonte: GettyImages
Uma época conhecida como uma das plataformas de comunicação online mais relevantes, o Skype ainda existe, mas está muito longe de ter o mesmo nível de importância. O aplicativo foi praticamente engolido pela concorrência e canibalizado por outros produtos da própria Microsoft.
O processo de sucateamento do Skype acontece há anos e o fato de ele ainda existir pode ser uma surpresa para você. Na verdade, boa parte do serviço foi descontinuada, mas o app voltado para o consumidor final segue ativo e disponível.
Quer entender como o Skype sobrevive, mesmo disputando espaço com tantos outros serviços análogos e melhores? Entenda mais abaixo.
O nascimento do Skype
O Skype foi lançado em 2003, desenvolvido por Niklas Zennstrom, Janus Friis e quatro outros desenvolvedores parceiros. Desde sua fundação, o app possibilitava comunicação pela internet usando protocolo P2P (Peer-to-Peer).
Em 2005, a plataforma foi comprada pelo eBay por cerca de US$ 2,6 bilhões. Anos depois, em 2009, 65% da plataforma foi negociada para companhias gestoras de investimento.
Então, chegou a vez de a Microsoft adquirir a detentora do Skype, Skype Communications, e sua plataforma por US$ 8,5 bilhões em 2011. A compra foi concluída em outubro daquele ano, e logo o serviço começou a ser integrado no ecossistema da companhia de diferentes formas.
A proposta do Skype era simples: permitir que pessoas utilizassem a internet para se comunicar por mensagens de texto, voz ou vídeo por meio da internet — algo que outras plataformas da época também faziam. O destaque da plataforma, porém, era a facilidade de uso e a interoperabilidade entre sistemas, o que garantiu uma importante posição no mercado e longevidade.
O uso do protocolo P2P para comunicação em tempo real reduzia custos significativos na operação do serviço. Assim, consumidores podiam conversar diretamente com outras pessoas, sem depender da conectividade com um servidor em comum.
O site Statista estima que o Skype acumulava 400 milhões de usuários registrados em 2009. Esse número chega a 2,27 bilhões em 2024, mas esse total é debatível, uma vez que o número de contas não é uma representação direta de uso da plataforma.
Ao longo dos anos de existência, o Skype passou por inúmeras transformações e adições. Em um dado momento, o serviço assumiu a posição do Windows Live Messenger (sucessor do MSN) e se tornou a principal oferta de comunicação da Microsoft. O mesmo aconteceu com o Lync, em 2014 substituído pelo Skype for Business, ramificação voltada para comunicação corporativa.
Versões do Skype foram lançadas para as principais plataformas e produtos da Microsoft. O app foi disponibilizado para Windows, Linux, macOS, Android, iOS, Windows Phone, iPadOS, HoloLens, Xbox One e mais.
Competição acirrada
Com o passar dos anos, mais empresas começaram a oferecer serviços de comunicação — e alguns deles eram iguais, senão melhores, que o Skype. Plataformas como WhatsApp, Telegram, Slack, ainda que rudimentares em seus primeiros anos de existência, por vezes ofereciam facilidades e funções que o representante da Microsoft desfalcava.
A integração com o ecossistema da Microsoft e o Windows era a principal vantagem do Skype, mas erros da companhia acabaram impactando a plataforma. A estreia complicada do Windows 8, por exemplo, não ajudou em nada na popularização da plataforma, e pode ter até espantado consumidores antigos que viam o app instalado por padrão no computador, mas com uma interface totalmente diferente e mais confusa.
Em várias atualizações e repaginadas visuais, o Skype falhava em entregar um visual mais moderno e acabava desagradando usuários. As revisões por vezes eram criticadas pelo excesso de menus, dificuldade de fazer tarefas básicas e impactos negativos na qualidade da experiência geral.
Com o tempo, esses desfalques foram abrindo espaço para soluções mais simples, mas que atendiam necessidades de nichos específicos de comunidades. Surgiu-se o Discord, o Slack e o Zoom, por exemplo, que atendiam demandas de públicos diferentes, mas de forma bem mais eficiente.
Deixado de escanteio
Nem mesmo a urgente necessidade de utilizar meios de comunicação digitais durante a pandemia de covid-19 foi suficiente para salvar o Skype. Nessa época, outros serviços como Zoom e Google Meet abocanharam boa parte do mercado.
Até mesmo a Microsoft parecia desinteressada no produto: em 2016, a empresa lançou o Microsoft Teams, plataforma de comunicação online para empresas. Por muito tempo, o serviço coexistiu com o Skype for Business, mas fazendo praticamente a mesma coisa, para o mesmo público.
Já não tão popular, o Skype contava com 40 milhões de usuários ativos diariamente, revelou a Microsoft em 2020. O número estava caindo rapidamente, e os anos seguintes foram ainda piores.
Então, em 2021, morre a primeira parte do Skype: o Skype for Business. O serviço foi descontinuado pela empresa e retirado da suíte de apps da Microsoft, e a principal alternativa da empresa era o Microsoft Teams.
Estreia do Windows 11
Naquele mesmo ano, a Microsoft lançou o Windows 11, mais uma edição de um de seus produtos mais importantes. O sistema operacional, porém, não dava destaque para o Skype, mas para o seu concorrente interno, o Teams.
O serviço de comunicação corporativo foi divulgado de forma estranha, agora também útil para conversar com amigos e familiares. A integração nativa com o sistema operacional prometia troca de mensagens mais conveniente.
Embora também esteja instalado por padrão no Windows 11, o Skype está bem longe de ter o mesmo destaque que seu irmão mais novo.
Apesar de esquecido, o Skype continuou recebendo atualizações e revisões visuais. Um update de dezembro de 2022, por exemplo, introduziu mais uma repaginada no design do serviço e, lógico, ele também ganhou uma integração nativa com o Microsoft Copilot.
O futuro do Skype é incerto, mas a Microsoft tende a ser mais resistente para abandonar produtos. Por enquanto, o serviço continua vivo, mas qual foi a última vez que você fez uma ligação para alguém usando a plataforma?
Especialista em Redator
Redator de tecnologia desde 2019, ex-Canaltech, atualmente TecMundo e um assíduo universitário do curso de Bacharel em Sistemas de Informação. Pai de pet, gamer e amante de músicas desconhecidas.