Violência sem limites: Facebook perdeu o controle sobre os vídeos ao vivo?
Por Nilton Cesar Monastier Kleina
04/05/2017 - 10:12•2 min de leitura
Fonte: CrazyNewsRepo https://www.engadget.com/2017/04/26/facebook-live-murder-incident
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Em poucos anos, o Facebook passou de simples rede de relacionamentos para um portal inteiro de notícias, atualizações de seus amigos e a transmissão de muitos, muitos vídeos. São clipes de humor, debates, trailers e vários formatos feitos especialmente para a rede social. Mas uma das categorias que mais cresce é de longe a de transmissões ao vivo.
O recurso foi implementado em agosto de 2015 para perfis verificados e liberado a todos os usuários em setembro do mesmo ano. Assim, qualquer pessoa pode entrar ao vivo do celular (e recentemente até o desktop) e produzir conteúdo.
Só que cidadãos de todo o mundo descobriram que "transmitir qualquer coisa" também pode significar mostrar assassinatos, pessoas em estado grave e outras situações violentas. E o Facebook tem feito muito pouco para impedir isso.
Virando moda
Não é exatamente uma novidade para o Facebook: em julho de 2016, uma norte-americana transmitiu a morte do próprio namorado, baleado por um policial dentro do carro. Muito antes disso, sites como o pioneiro Livestream também sofreram com a divulgação de cenas fortes que escapavam da fiscalização dos responsáveis.
Só que isso atingiu o ápice recentemente. Na Tailândia, uma menina de 11 anos foi morta pelo próprio pai, que em seguida se enforcou. Tudo isso foi transmitido ao vivo pelo Facebook e ficou no ar por quase 24 horas. Ainda no começo do ano, uma jovem na Flórida cometeu suicídio e também fez o streaming de tudo.
O atirador Steve Stephens alega ter matado mais 12 pessoas, mas só uma teve streaming via Facebook.
Em 16 de abril, em plena Páscoa, um norte-americano fez um streaming dele mesmo assassinando um idoso sem motivo algum. As imagens mostram ele procurando uma pessoa aleatório na rua para matar, encontrando um senhor de 74 anos e atirando a sangue frio. O culpado, Steve Stephens, tirou a própria vida depois de ficar foragido por alguns dias.
Nem prevenir, nem proibir
Não há qualquer chance de limitar ou proibir transmissões ao vivo: o Facebook está investindo pesado nisso não só com usuários espontâneos, mas fazendo acordos com grandes empresas para que elas estejam sempre presentes — Buzzfeed e o jornal The New York Times são alguns exemplos.
Celebridades fazem sucesso com lives, algumas patrocinadas pelo próprio site.
O problema é que, às vezes, é simplesmente tarde demais para perceber ou receber uma denúncia de usuário de que o conteúdo transmitido é proibido ou até envolve um crime. E prevenção? Bom, as tecnologias de “precogs” do filme “Minority Report” simplesmente não existem, então não há qualquer possibilidade de identificar qual perfil teria a chance de começar um streaming ao vivo cometendo um assassinato, por exemplo.
O que o Facebook pode fazer?
A principal crítica que a rede social recebe é sobre a demora em banir esses vídeos ofensivos e eventualmente contatar autoridades responsáveis. E esse problema vai mais além: o site volta e meia é acusado por banir de forma injusta perfis ou páginas e deixar certos conteúdos no ar, mesmo violando termos de serviço.
A mais nova solução proposta do Facebook envolve uma equipe dedicada a isso. O próprio CEO e cofundador, Mark Zuckerberg, anunciou depois dos dois últimos casos que vai chamar 3 mil pessoas ao longo do ano para moderar a comunidade e agir o mais rápido possível quando uma dessas denúncias chegar. Além disso, já existe uma ferramenta para prevenir o suicídio de usuários: quando você percebe o potencial em algum contato que esteja ao vivo, basta usar um botão especial para reportar a rede social, que recebe o aviso com urgência.
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Em resumo, ao facilitar que pessoas exponham suas vidas em tempo real para milhares de pessoas ao mesmo tempo, o Facebook criou uma solução e também um problema. As novas medidas podem ajudar a impedir que usuários tenham acesso a esse tipo de conteúdo e, quem sabe, até que crimes sejam prevenidos antes que de fato aconteçam.
Por Nilton Cesar Monastier Kleina
Especialista em Analista
Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.